terça, 04/11/2025, às 12:11

Desvendando a fórmula da redação: a lógica por trás da argumentação persuasiva e da nota máxima

Com o primeiro final de semana de provas se aproximando, a ansiedade dos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) atinge seu maior nível, e, nesse sentido, um componente em especial costuma dominar os pensamentos dos vestibulandos: a redação. Longe de ser fruto de um mero exercício de escrita ou de um "talento inato", um bom texto dissertativo-argumentativo é regido por uma fórmula lógica e estrutural que, quando dominada, faz-se o passaporte para os tão sonhados mil pontos.

Dessa forma, a chave para desvendar essa fórmula está na argumentação persuasiva. O corretor não estará apenas lendo o que você escreveu, mas avaliando como você prova seu ponto de vista.

A arquitetura do convencimento: o projeto de texto

Uma redação nota máxima começa bem antes de ser escrita a primeira palavra na folha. Ela nasce de um projeto de texto sólido, que atende diretamente à Competência III do ENEM: a de selecionar, relacionar e organizar argumentos.

Ou seja, seu texto deve ser um mapa claro, onde a introdução apresenta o problema e sua tese (seu ponto de vista) que geralmente aponta duas causas ou desdobramentos do tema que será desenvolvido. Seus parágrafos de desenvolvimento (D1 e D2) devem funcionar como a defesa dessa tese, e a conclusão deve ser a solução para o problema apresentado.

A lógica implacável: cada parte do texto deve estar a serviço da anterior e da posterior, garantindo uma progressão temática coesa. Falhas na organização, como um argumento solto ou a falta de relação entre as ideias, comprometem essa lógica e penalizam o candidato. O segredo é garantir que, ao ler o D1 e o D2, o corretor entenda imediatamente por que você defende a tese apresentada na introdução.

O coração do debate: repertório produtivo e argumentos de peso

O desenvolvimento é o verdadeiro palco da persuasão. Não basta apenas citar um filósofo, um dado estatístico ou um evento histórico (o chamado repertório sociocultural); é preciso que essa informação funcione como um "argumento de peso".

Para atingir a nota máxima, o repertório deve ser produtivo — ou seja, deve ser não apenas pertinente ao tema, mas também articulado de forma clara à sua tese. O estudante precisa mostrar ao corretor a conexão analítica entre a citação (o "o quê") e o problema brasileiro atual (o "porquê").

  • Dica de ouro: evite argumentos genéricos. Aprofunde-se na causa e efeito ou na comparação/contraste para demonstrar autoria e consistência. Argumentar que a "falta de educação" é um problema não basta; argumentar que "a falha na Base Nacional Comum Curricular perpetua a desinformação sobre o tema, gerando um ciclo vicioso", sim, é aprofundamento.

Fluidez total: a costura do texto

A persuasão só é completa se o texto for fluido. É aqui que entra a Competência IV, que avalia o uso de mecanismos linguísticos para a construção da argumentação. Os conectivos não são apenas palavras de ligação, mas sim pontes lógicas entre as ideias, frases e parágrafos.

O uso estratégico de conjunções ("ademais", "em contrapartida", "nesse cenário") estabelece a relação entre os argumentos do D1 e D2, e entre a tese e a conclusão. Um texto coeso evita a sensação de que o corretor está lendo uma lista de frases desconectadas.

O gran finale: a proposta de intervenção detalhada

A conclusão é a última prova da sua capacidade argumentativa (Competência V). Ela exige a elaboração de uma Proposta de Intervenção que resolva os problemas levantados nos parágrafos de desenvolvimento.

Para a nota máxima, a proposta deve ser um "5 em 5":

  1. Agente (Quem fará?)
  2. Ação (O que será feito?)
  3. Modo/Meio (Como será feito?)
  4. Efeito (Para que será feito?)
  5. Detalhamento de um dos quatro elementos.

Este último elemento, o detalhamento, é determinante: ele mostra que o candidato planejou a solução de forma realista e completa, conferindo o peso final à argumentação desenvolvida.

Em suma, a "fórmula da redação" é: Estrutura (C3) + Argumentação Produtiva (C2/C3) + Conectivos Lógicos (C4) + Intervenção Completa (C5). Estando de posse dessas informações, ao deparar-se com a prova de Redação do ENEM, vá com a confiança de que você não está apenas escrevendo, mas sim construindo, linha a linha, uma argumentação poderosa e estrategicamente pensada para o sucesso.

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